RPG é várias coisas, ou melhor, se pode definir RPG de várias maneiras:
Infantilmente: É polícia e ladrão, mas com um juiz que diz quem acertou quem.
Materialmente: RPG é um texto (na forma de livro, PDF, arquivo sonoro ou transmitido oralmente), registros (papéis, arquivos em micro), sistema de probabilidade (daods, cartas, moedas, etc), gente (jogadores e mestre de jogo), local (carro, piscina, sala, quarto, ônibus, ambiente virtual, biblioteca, lanchonete, etc).
Tradicionalmente: RPG é um jogo de interpretação de papéis (tradução direta da sigla original, Roleplaying Game).
Semioticamente: RPG é um evento comunicacional na qual a relação semiótica estabelecida é a mais complexa dentre as várias formas de arte, pois ela é contínua em ambos os sentidos e relações, na qual os participantes criam. É uma relação de semiose orgasmática e orgiástica.
Linguísticamente: RPG é um suporte midiático composto de outros suportes (livro, textos de vários gêneros, conversa, jogo), que culminam na realização de um evento social chamado de "sessão" ou "sessão de jogo", que não é um "jogo", mas um suporte para gêneros narrativos diversos (a grosso modo podendo ser classificados como Horror, Ficção Científica, Western, etc).
O RPG foi criado em 1974 e sua base eram Wargames. Dave Arneson e Gary Gigax comecializaram um sistema de wargame em pequena escala (chamado de "skirmish", que envolve poucas miniaturas, em vez das centenas usadas normalmente em Wargames), e depois o modificaram para criar o protótipo do RPG moderno, que era o Dungeons & Dragons, ainda não muito diferente de um simples jogo, mas com uma característica essencial: o jogador interpretava sua personagem.
Anos 80 e 90 tornaram o RPG mais próximo da narrativa e mais distante do jogo, porém nos anos 2000, uma nova versão de D&D chamada D20, tomou o mercado de assalto e voltamos a um ponto mais próximo as origens do RPG. Hoje, há uma dicotomia, que separa RPGs narrativistas e RPGs que se preocupam com o aspecto de "jogo" primordialmente. É uma distinção importante, porém não vou me deter aqui.
Em comum, ambos os tipos de RPG são formas narrativas, que ocorrem em encontros sociais. Os jogadores e o mestre de jogo se reúnem e os jogadores através de suas personagens, vivem situações que são, de certa maneira, arbitradas pelo mestre de jogo.
Em suma, é um processo midiático em que os participantes criam uma narrativa em conjunto através de ações sofridas ou realizadas pelas suas personagens. É um entretenimento e arte que pode ser realizado sem nenhum custo ou treinamento, e que tem como foco a sociabilização dos seus participantes, e sua qualidade é variável de acordo com o conhecimento, iniciativa e participação de todos.
Há maneiras simples de dizer isso e há maneiras bem complexas, mas vou dizer do meu jeito: RPG é foda.
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