March 17, 2012

Só Tocando

A viola, eu carrego, a violar
os ouvidos alheios
Cordas que traçam meus dedos,
retraçam em meu sangue,
minha linha da vida
Canto sofrido,
diabo,
caatinga
E nos quatro cantos
te encanto

Te sopro, morena!
Doce, é teu assobio suave
Como sangue de porco
Cravo da índia
É doce
Flauta doce

Acorda!
Traz a corda!
a viola, que grita
Quer ser tocada

Lacinantes, entre juremas
Esperneiam
Vai viola, Vai triângulo
Couro de gato, fez meu pandeiro
Nas favelas, minha mão queimou

Bate
Bate
O couro bate
Mil alpercatas
Pó, pedra, bosta
Sapicam a terra do chão

Trôpegos
Animais de pau e corda
Desfilam instrumentos
Se brinda com cachaça
Sabá de novena.
Flautas e violas se engancham
A rabeca grita
Também implora
Estridente sanfona

Enfim canta o galo
Eu cantei, disse o galo
Coronel de crista
Ordena o sol nas carnaúbas

Notívagos, instrumentos cansam
Descanso

1 comment:

Eduardo Simões Fernandes said...

Curioso descobrir essa veia nordestina sertaneja em tu, Haroudo!