April 24, 2012

Retor.neio


A gazela hipocondríaca entra no ônibus em três saltos.
Mergulha dois comprimidos em sua boca.
Paga e passa. Passa. Foi.
Não. Nada. Nada a temer.
Fugi. Eu fugi.
Não há razão para temer.
A invasão.
Do absurdo.
Dos animais falantes. Pensantes.
Antes.
De fugir. Ir. Vir. Vir!
Do Absurdo.
Descer. Tenho de. Descer.
Saio do ônibus. Do Absurdo. Fujo.
Sai.
Do ônibus. Tenho de entrar.
Comer. Algum lugar.
Entrarei. Entro. Na padaria.
Tomo. O que? Sopa. Quente. Na janela.
A lua. Tão nua.
Longe. Insana. Doida. Doida.
Absurda.
Ela chama. Grita meu nome: Sandro!
Eu me recolho junto a parede.
Estou são. Talvez salvo.
Mas ela é como um holofote.
Por ela, saberão.
Eles olham. Sou estranho aqui.
Um homem louco, num restaurante são.
Eles não.
Temem.
Não gemem.
Não sabem o que há. Perturbar.
O mundo. Undo. Real. Lidade.
Que foi. Além. Do Absurdo.
Mundo surdo.
Aos gritos.
Onde vivia.
Ia. E fui. Saio. Ei!
Pague.
Pago.
Fui.
Carros passam.
Nâo. Não. Virão.
Ou não. Serão, aqui, invasão.
E o olho então.
O mundo é escuro.
O mundo é sujo.
O mundo e triste.
O mundo é são.
Como não?
Pois não. Nada não. Vem não.
Que estou, fazendo aqui, na solidão?
Prisioneiro sim, morto, não.
Por aí.
Logo aí.
Porque não?
Ali não.
Escuro. No muro.
Dormir? Não.
Fugir sem quando a lua surgir.
Cair no Absurdo do lugar.
Onde há o que pensar.
Se tornar, realizar.
O sonho de desejar.
Um mundo a se tornar.
Bestas com quem falar.
Ar. Respirar.
O cemitério e eu, partimos em caminhos opostos.
Sigo o luar.
Vou respirar.
Com bestas dançar.
Ar, tanto ar.
Que não tenho aqui.
Fumaça em mim.
Querendo assim.
Matar, bem juntim.
O do homem o sonhar.
Não é invasão.
Sim, salvação.
Hienas míopes.
Sapos cantores.
Lobos saltimbancos.
Eu fugi. Para quê?
Do Absurdo.
Para um mundo mudo.
Desesperado.
Irado.
Pensado, condenado, crucificado.
Pela razão, sem noção, do então.
Salto a lua.
Toda nua.
Também sua.
Assim, na rua.
E entro então, no lugar, no chão.
Para viver, então.
Surdo.
No lugar.
Sem razão.
Mundo.
Absurdo.

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