April 24, 2012

Έρις, Άρης


Estou mal. O suco é puro.
O gosto da laranja ácida na boca.
O sono chega. Mal despertei.
Mas despertei. Έρις.
Ele chama. Sutil, ordena.
Bebo a laranja, que cheira a bebida.
Διόνυσος que migra do sonho.
São todos tão ingratos e gregos.
Haa...mulheres gregas.
Tão ácidas na boca.
Tão louca.
As?
Não. Só uma.
Nem é Έρις.
Ela é só uma grega.
Vou caminhar, tirar do sangue o alcool que não bebi.
Cambaleio.
Desordenar de mim os deuses.
Primeira ordem do dia.
O banho frio desperta. Pego na desordem do quarto uma roupa no chão.
Saio logo. Ainda vejo nas paredes as despenduradas fotos.
Seu lábio fino, seu nariz longo.
Seus cabelos em cachos negros e longos.
Nem é Έρις.
Mas como se fosse, me desordena.
E vou, ordenado na realidade por deuses mortos.

Vejo Άρης na esquina. Ele me chama.
E converso com o vizinho.
- Vai hoje?
- Vou.
- Vou te quebrar hoje, você sabe.
- Já ouvi isso antes.
- É, eu vi que te faltam dentes.
- Ainda me sobram outros.
- Por hoje.
- Até mais tarde.
- Até.
Que sorte. Sentir tanto amor pela manhã.
Άρης deve estar de pau duro.
Tenho de clarear a cabeça.
Como ovos, frutas, um pão, um pedaço de carne e vodka.
O suco tem gosto de vodka.
Que lhe fiz, Έρις?
Ela foi, eu não mandei.
Porra de grega do inferno.
Só de lembrar dela eu morro um pouco.
Άρης, tenho certeza, sorri nas sombras de minha memória.

A noite vem chegando. A mãe de vocês.
É propícia, não?
Νύξ. Onde quase morri. Com quem quase morri.
Me abraçou por dias, Νύξ.
E a grega, seu cheiro.
Vinho e vodka em seu suor.
Vermelha vulva que eu bebia.
Na noite onde não fora Έρις, onde eu não era Άρης.
Lhe bati no rosto.
Vi sangrar tequila.
Vermelha como vinho.
Com teu cheiro de vodka.
Ήραχλής!
Gritou, cuspindo meu nome.
Me pediu para bater mais. Tirar de si o cheiro. De tequila.
E foi. Não voltou. Levou seus retratos.
Seus vinhos.
Seus lábios.
Tão finos, cortados.

Άρης. Έρις.
Meu olho sangra.
E sinto seu cheiro.
Nas minhas luvas, quando te bato.
Ele sangra também.
Ele sangra tequila.
Άρης sorri do herói ensandecido que caiu.
Me levanto, louco. Cego. Sigo seu cheiro.
Cheiro de Έρις. De maças que eu gosto.
Com muito desgosto.
Assadas com licores, odores bêbados.
Vodka bate na Tequila e só lembro do Vinho.
Minha cabeça racha.
O braço dele parte.
Άρης! Άρης! Άρης!
Gritam. Em silêncio.
A multidão se cala.
No horror de nossas mortes.
Na arena de nossas vidas.
Mulheres matam homens.
Com ausências proferidas.
No sorriso de deuses mortos.

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