Seu olhos se enchem novamente.
Triste fim de Elisandra Poncinela.
Destruída por amores impossívels e fulgazes.
Ou não.
Ela liga para ele com raiva!
- Eduardo, isso não vai terminar assim!
Desliga com raiva igual, pega sua moto e ao chegar em frente a seu prédio, buzina.
BÊÊÊÊM!!! BÊÊÊÊM!!! BÊÊÊÊM!!! BÊÊÊÊM!!!
Ele surge na janela.
- Elisandra, são 3 da manhã!!!!
- Desce, homem, quero falar contigo!
- Tá, mas para com isso!
Ele desce, veste pijamas, parece absolutamente ridículo e sexy.
Parece com o irmão dele.
- Dudinha, cadê Hamilton?
- Celular, já ouviu falar, Elisandra.
- Já e sei que você ia ignorar.
Ela sorri, vitoriosa.
- Então, cadê ele?
- Com Manu.
- Nâo.
- Sim.
Ela chora, desamparada.
15 minutos depois, goza.
Suas lágrimas molham a cama de Eduardo.
- Que foi?
Diz ele sem saber, porque homem nunca entende quando mulher chora sem ser por algo que ele diretamente e obviamente fez de errado.
- Foi bom.
Ele desaba.
Sem forças, busca chegar até a sala de controle.
É engolido vivo pelo enxame que brotou da sala de contenção, obviamente mal nomeada.
Vieram das torneiras.
Penos insetos produzidos para engolir degetos e reprocessá-los com mínimo impacto ambiental.
Bioengenharia que torna realidade o que se temia com a nanotecnologia.
"Oi, meu nome é grey goo", pensa o técnico com um misto de humor e horror enquanto é devorado/absorvido/defecado e no caminho dos insetos, jaz o pobre coitado, uma massa cinzenta que foi homem.
Os insetos saem do laboratório, entram em casas, invadem os locais de trabalho e enfim, tomam a cidade.
Quarentenam o estado.
A região.
O país.
Raças alienígenas, interessadas na espécie, observam de longe, mas quarentenam o planeta, assim, só por via das dúvidas.
Carlos, que deixou uma torneia aberta, é culpado na mídia, que, para evitar ser comida, se torna indegesta produzindo, bem, o de sempre.
Quando os extra-terrestres vêm falar com a Terra, Sílvio é escolhido para falar pelos humanos.
Eles o ignoram, e falam com os insetos.
E vão embora.
Sem grey goo.
Na fábrica, as torneiras despejam os químicos ferozes.
Luís observa os operários.
Não vê ninguém.
Peças em sua fábrica perfeita.
Ele não é desumano, na verdade, Luís e um dos empresários mais humanos, de acordo com boa parte das publicações nacionais.
Sua fábrica trabalha a distância.
Pessoas abaixo da linha da miséria são resgatadas e oferecido o trabalho, podem de imediato, ter alguma dignidade em locais espalhados no país com conexão para a fábrica, ou em ongs que acordaram com Luís e tem em seu espaço o devido equipamento.
Nenhum deles se tornará rico. nenhum deles terá sua própria fábrica. Não graças a Luís.
Mas eles irão sobreviver.
Luís, não.
Ele pensa na filha, que a despeito do quão lutou, morreu de leucemia.
"Uma doença plenamento curável nos dias de hoje", diziam os médicos. Só que não.
A menina era sua luz, sua vida, a única peça viva de sua mãe, que morreu afogada cinco anos antes.
Luís lembra da filha, Sara. Que nunca sarou, nem mesmo suas próprias feridas, que lhe dera o nome.
Ele caminha para as torneiras.
Luís pensou, para quê, pensar, se não há, que ser, para quêm.
E
Olhando para as torneiras.
Foi.
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