"Além do pórtico, o que havia?
Nada. Mas tudo.
Esperança e medo. Dor e Prazer. Extremos e ausências.
Um legado que o homem não esperava deixar para seus pares. Mas que os sonhos, nosso coletivo cordão de prata, nunca deixou perecer."
- Daniell Lacerda, A Dream Lord Rotten Disguise
Ela se achava nele.
No seminuo semisono,
buscava com os dedos,
a memória.
Tocava os lábios como páginas sedentas de um diário
seu(nosso),
que perfurava com um tatear trêmulo.
No passado, deixou fechada a porta do iminente dilúvio,
que hoje a afoga,
na torrente de intermeios,
a deixando só,
de si,
entre os incontextos.
Na ilha do que não fora e não será,
entreabre os lábios com suave,
tenso,
grito.
A sala, contaminada geme.
Zunindo, o algoritmo a isola úmida.
A cadeira, abjeta, a desperta.
Atordoada e sóbria, abre sem vontade os olhos.
Na retina instruída ela é:
N.5891, violada à cód.26.96, deve deixar o hall de imediato presente.
N não pensa, deseja, mas vai.
A máquina ignorante de sonhos,
jaz pálida e inútil, enquanto ela recolhe seus pertences,
em bolsos e soltos botões,
tudo se acumula e sai.
Coletada entre os sonhantes,
N caminha pelos esgares e sorrisos.
O desejo, ela percebe, ainda a belisca pelos saltos,
corre acima por pernas e pêlos.
Ele liga. Ela desliga.
Na parede cinza, resfria.
Olha pelos olhos, no ponto cego fixada, e o seu índice escolhe.
S.4791.
...
S.4791.
...
S.4791.
olho.
Oi
Oi
Vai?
Fui
Bom?
Sempre
Bom
Foi?
Como, não?
E amanhã?
Vamos?
Quer?
Sonhar contigo?
...sim. Sempre
E ela segue.
Para casa, agora.
Minutos contando, para amanhã sonhar.
E na cidade a cada sempre, gemem sonhantes.
Perdidos.
Sem mastros eletrônicos de Ulisses.
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