June 12, 2013
Papel e Cortiça
Eram seis.
Cada uma das janelas, sem moldura ou candura, escancara o antigo presente.
A água batia em seu corpo, o sal que lhe contornava a boca, em animado sol de janeiro. Ela o abraçava enquanto, ignorando a dor, amor, se estendia da praia para o apartamento e dias a dentro.
E tudo passa, como o retrato amarelando o mundo que fora.
Só o coração comporta as inadequadas lembranças de amor que se desperdiçou no oceano da vida.
A segunda foto é menos complicada. O tempo se estendia mais, pra outros carnavais. A menina alta, nem tão alta ficou. Sorrisos que se tornaram, revestiram-se de outras verdade e muitas mentiras. O retrato, não retrata. Esconde.
E todos se perdem.
Por anos.
O casamento da menina é como um salto, passando por cima de fases, de retratos desiguais, numa ordem que tudo ignora, exceto o que se sente. Ele estava lá, espectador, alheio aos pontos e vírgulas que viria a sentir. A foto é estranha, um obelisco voyerista, relacionando sua presença ao que não protagoniza.
Segredos de uma polaroid.
A relação inquieta se explica nos contornos da cortiça, quando no passado seguinte, se entende a sátira maneira de rir do destino, quando o casal é outro. Ele assume a frente, a mão dela é sua, o coração dele não é de ninguém e felizes casaram, por um curto para sempre. Mas foi bom.
O menino, também, mesmo que tenha sido alvo do rancor encalacrado, de culpa despertencida, de coração sem olhos que busca transfigurar no pequeno homem, o destino.
Pai e filho, ambos, iguais: sem mãe.
Ninguém lhes julgaria tristes pelo sorriso.
Mesmo na última foto.
Ele, careca, se apoia no filho.
Debilitado, não culpa o tempo, só o corpo.
As ânsias, o medo, o contar das horas, as viagens, as máquinas, o frio que lhe sente nu a cada sessão, são todos, momentos vãos, ignorados pela luz da câmara.
Ela capta amor.
Ele, careca, se apoia no filho.
Que tirando foi, os outros retratos, guardando nas caixas, levando no carro e montando, uma a uma na nova casa, na nova cidade, no outro caminho.
Juntos, re-organizam o mundo.
Cada qual, com tachas para colocar.
Espaços vazios para preencher.
Como bom mapa, o mural tem fim, limites.
Já eles, ainda não sabem os seus.
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